La Montagne

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Fechados contra o Mundo e seu Rei, Espírito contra Matéria!

quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

A REVELAÇÃO DAS QUINZE PÉROLAS DO CATARISMO [1/5]


A REVELAÇÃO DAS QUINZE PÉROLAS DO CATARISMO [1/5]
A Protennoia Trimórfica, ou a Santíssima Trindade



“Então agora, ó filhos do Pensamento, ouçam-me, ouçam a fala da Mãe de sua mercê, pois se tornaram merecedores do Mysterium escondido dos Éons, para que pudessem recebê-lo. E a consumação desta era particular e da vida maligna se aproxima, e ali desponta o início do Éon adventício, que não tem mudança alguma, para sempre.
Eu sou andrógina. Sou a Mãe e sou o Pai, pois copulei comigo mesma. Copulei comigo mesma e com os que me amam, e é somente através de mim que o Todo permanece firme. Eu sou o Útero que dá forma ao Todo, concebendo a Luz que brilha no esplendor. Eu lanço a Voz em forma de fala nos ouvidos dos que me conhecem.
E eu os convido para a Luz exaltada e perfeita. Mais isto ainda, quando adentrarem a Luz, serão glorificados por aqueles que dão glória, e aqueles que entronam os entronarão. Vocês aceitarão mantos de quem oferece mantos, e os batistas o batizarão, e se tornarão repletos de glória, como eram no tempo em que eram Luz.”
( I Protennoia Trimorphica)

[...] e dei a ele da Água da Vida, que o retira do caos que existe na treva mais profunda que existe no abismo inteiro, isto é, o pensamento do corpóreo e do psíquico. Todos estes eu pus. E eu arranquei dele a carne, e investi sobre ele uma Luz brilhante, isto é, o conhecimento do Pensamento do Pai.
E eu o entreguei aos que dão mantos – Yammon, Elasso, Amenai – e eles o cobriram com um manto dos mantos de Luz; e eu o entreguei aos batistas, e eles o batizaram – Micheus, Michar, Mnesinous – e eles o mergulharam na fonte da Água da Vida. E eu o entreguei aos que entronam – Bariel, Nouthan, Sabenai – e eles o entronaram no Trono da Glória. E o entreguei aos que glorificam – Ariom, Elien, Phariel – e eles o glorificaram com a Glória do Pai. E aqueles que arrebatam arrebataram – Kamaliel, Aanen, Samblo, e os servos dos grandes e santos luminares – e o levaram para a Luz – lugar de seu Pai. E ele recebeu os Cinco Selos da Luz de sua Mãe, Protennoia, e lhe foi concedido participar do Mistério do Conhecimento, e ele se tornou uma Luz na Luz.”
( II Protennoia Trimorphica)

No Kairos da revelação luminosa do Cálice, artefato mais sagrado do verdadeiro Kristos, é possível aos homens se tornarem eles mesmos Kristos, se tornarem perfeitos e ascenderem à Luz, e mais ainda, serem uma Luz na Luz.

A doutrina Cátara se assenta em quinze Pérolas ou Princípios canônicos. Estes quinze princípios são as bases sobre as quais se desdobra nosso pensamento e concepção de existência, nossos valores fundamentais. Chamamos tais Princípios “Pérolas”, pois são ao mesmo tempo belas e preciosas, e produzidas pela Dor. De igual forma, a agonia que inflama dentro de nós – a existência num mundo-inferno como prisioneiros de Jehova, a saudade da nossa parelha perdida e de nossa Origem espiritual que é o Pleroma – produziu na mente do Cátaro estas pérolas inquebrantáveis.

Como a Divina Trindade e os Doze Éons primordiais,  são em número de quinze, e sua compreensão gradual de três em três correspondem à libertação gradual do homem das cadeias da matéria. Mas isto será explicado em outra ocasião, em detalhe.

E produziram-se na mente estas Pérolas não apenas como um conhecimento racional, decorado, mas como descoberta íntima e fruto de uma longa e agônica busca espiritual que nem sempre é consciente. Isto é a Gnosis, termo que vem de “Nous”, Memória: uma inquietude que dói e incita a uma busca, e uma revelação íntima e poderosa da Verdade.

E assim mesmo, dizemos de nossas Pérolas que sua aceitação e fé não implicam autos e confissões, mas a aplicação direta, veemente e ativa de seus conceitos na vida particular de cada um, em tantos âmbitos quanto se seja capaz de aplicar, com toda a compreensão e pureza de intenção que se consiga ter.

Cristo discursa, a este respeito, a todos os buscadores do Espírito, no Evangelho de Tiago:

E o Senhor respondeu e disse, “Qual é o vosso mérito se fizerdes a vontade do Pai e não vos for permitido, como uma dádiva, serem tentados por Satã? Mas se vos tornardes oprimidos por Satã, e perseguidos, e fizerdes a vontade do Pai, em verdade vos digo que Ele os amará, e vos fará iguais a mim, e reconhecerá que vos tornardes amados através de Sua Providência, por vossa livre escolha. Então, não cessareis de amar a carne e temer os sofrimentos? Ou não sabeis que tereis de ser, ainda, abusados e acusados injustamente; e que tereis de ser lançados à prisão, e condenados ilegalmente, e crucificados sem razão, e enterrados como eu fui, pelo maligno? Ousais poupar a carne, vós, para quem o Espírito é uma muralha? Se considerardes quão longamente o mundo existiu antes de vós, e quão longamente existirá após vós, encontrareis que a vida não é senão um breve dia, e vossos sofrimentos, uma única hora. Pois o bem não entrará no mundo. Zombai da Morte, portanto, e arriscai a vida pelo pensamento! Lembrai-vos da minha cruz e da minha morte, e vivereis!”

Mas eu respondi, e lhe disse, “Senhor, não mencione para nós a cruz e a morte, pois ambas estão longe de ti.”

O Senhor respondeu, e disse, “Em verdade eu vos digo, ninguém será salvo a menos que creiam em minha cruz. Mas os que creram na minha cruz, deles é o reino de Deus. Portanto, tornai-vos buscadores da Morte, como os mortos buscam a vida; pois o que eles buscam lhes é revelado. E o que há, que os incomode? Quanto a vós, quando examinardes a morte, ela vos ensinará a eleição. Em verdade eu vos digo, nenhum dos que temem a Morte será salvo; pois o Reino é daqueles que se dispõem a morrer. Tornai-vos melhores do que eu; fazei de vós mesmos como o filho do Espírito Santo.”

E é desta forma que a essência deste mundo material, que é o sofrimento, é retransformada por nós em princípio de ascese e orientação espiritual: glorificamos a ação, a aplicação de cada um destes Princípios como origem da Honra que, por si, é a reação espiritual de nojo e hostilidade ao mundo corrompido, e uma resposta galharda ao Gólgota que nos é imposto a todos.

AS TRÊS PRIMEIRAS PÉROLAS, A PROTENNOIA TRIMÓRFICA OU SANTÍSSIMA TRINDADE

A Divina Trindade: o Pai Incognoscível, sua parelha Minne (chamada pelos antigos de Barbelo, e por alguns Cátaros de Mari, a Bela Dama com o colar de dezesseis contas) e o Filho, Kristos Luz, que desceu entre nós e declarou guerra ao Arconte Chefe, Jehova. Este conhecimento é o mais elevado e transcedental, e seus guardiães são aqueles Anjos que arrebatam o homem purificado e o elevam à Luz: Kamaliel, Anen, Samblo. O Mistério de Kristos Luz (a forma como este venceu a Morte), o conhecimento da Minne e a experiência do Paráclito do Incognoscível santificam e elevam aqueles que já estão purificados.

  Nosso Pai

Pai de puro amor é seu novo nome. A Divindade Solar dos seres divinos, teomórficos. Ele nunca se refere a morte, mal, julgamento, tentação e escândalo – tudo o que nosso inimigo Elohim cria, e que os inquisidores tentam relacionar a Kristos, post factum. Nosso Pai, habitando o Pleroma, as esferas supracelestiais suprasubstanciais, revela-se absoluto, apesar do enevoamento que o Demônio cria nos céus visíveis que compõem o mundo material.  

“Eu sou a vida de minha Epinoia que reside em cada Poder e em cada movimento eterno, nas Luzes invisíveis e dentro dos Arcontes e Anjos e Demônios, e cada alma que habita o Tártaro, e em cada Alma material. Eu moro naqueles que vêm a ser. Eu me movo em todos e estou dentro de todos. Eu ando de forma ereta, e aqueles que adormeceram, eu desperto. Eu sou a visão daqueles que residem no sono.

Eu sou o Invisível dentro do Todo. Sou eu quem aconselha os que estão escondidos, pois eu conheço o Todo que existe. Eu sou sem número além de todos. Eu sou imensurável, inefável, e quando eu desejo, me revelo por conta própria. Eu sou a cabeça do Todo. Eu existo antes do Todo e eu sou o Todo, uma vez que existo em todos.

Eu sou a Voz que fala suave. Eu existo desde o princípio. Eu resido no Silêncio que permeia cada um e a todos. E é a Voz oculta que reside em mim, no Pensamento imensurável e incompreensível que está no Silêncio imensurável.” (I Protennoia Trimorphica)

A oração espontânea de cada Cátaro é a evocação do Paráclito, a intervenção direta do Deus Verdadeiro que está em seu trono Mais Além das Estrelas, e que nos garante que, enquanto desejemos estar com ele e lutar contra o Demônio, nunca, jamais, faltarão forças ao Espírito.

Aquele que está no Pleroma foi o primeiro para quem ele orou e relembrou; então ele relembrou seus irmãos um por um e todos juntos; mas antes de todos, o Pai. A oração da memória foi uma ajuda para ele em seu próprio retorno e no retorno da Totalidade, pois uma causa para ele relembrar os que existiram desde o princípio foi ele ser relembrado. Este é o pensamento que chamou desde a distância, trazendo-no de volta”. (O Tratado Tripartite, 7:3)

E assim o chamamos, em oração:

“Ó Senhor, envia o teu Espírito! Que renoves a face da Terra!”

Que a intercessão do altíssimo reforme todos os céus e terras, varrendo e dissolvendo todo o Mal: o sofrimento, a imperfeição, a deformidade, a finitude, a transitoriedade de cada coisa vivente. Dizemos reformar, porque este universo material um dia fez parte do Todo, mas foi separado da verdadeira criação pelo demônio Jehova e deformado em sua constituição. Após a reforma, o transitório, o falível, o corruptível serão devolvidos à inexistência, e todos os que foram corrompidos, serão purificados pela ação graciosa do Pai Incognoscível.

Mãe e Nossa Senhora – Barbelo, a Sagrada Minne



A Senhora Flamejante Minne – a hipóstase maternal do Pai. Nosso Pai é a hipóstase paternal da Minne. Eles são Unos em seu eterno Casamento divino. A Minne está aberta aos puros. A Minne habita os castelos internos do homem, sua Consciência transubstanciada Ehre. Como o Pai, contemplando Minne, derramou a última gota, um homem derramando a última gota no seu canto do cisne, antes da morte verá a Minne.

Assim a Minne se revelou aos homens:

Eu sou Protennoia, o Pensamento que reside na Luz. Sou o movimento que reside no Todo, ela em quem o Todo se apóia, a primeira a nascer entre os que vieram a ser, ela que existe antes do Todo. Ela, Protennoia, chamada por três nomes, embora habite solitária, dado que é perfeita. Sou invisível dentro do Pensamento d’Aquele que é Invisível. Sou revelada no imensurável, no inefável. Sou incompreensível, habitando o incompreensível. Eu me movo em cada ser.” (I Protennoia Trimorphica)

Ela se manifestou na nossa psique na forma da Memória Espiritual que urge – o senso de que não pertencemos a esse mundo e essa vida, ao senso de nostalgia que nos faz querer retornar à fonte, à Origem de nossa existência que está fora do plano da Matéria. Manifestou-se também como Epinoia ou Ennoia, a “Dama” que os trovadores cantaram e que um dia habitou dentro de nós como nossa perfeita complementação, contraparte e conselheira.

Esta é a “dama na torre” dos cavaleiros e poetas, a amada inacessível pela qual de bom grado se enlouquece e se perde a vida – a memória, a nostalgia que nos impulsiona no caminho de retorno e que nos relembra a todo instante que não somos daqui e não estamos completos aqui, na prisão de Jehova.

O Kristos autêntico, Parusia divina



O Cristo Autêntico não vem de Jehova-Yaldabaoth nem do povo judaico, seus adoradores, mas do Pai de Puro Amor. Sua Parusia ou manifestação divina recebeu diversos nomes em diversas ocasiões, e parte do plano dos Arcontes para desprender o Potencial Satânico foi criar uma imitação de Kristos no seio do povo hebreu, cujo culto tomou proporções mundiais graças ao poder infernal dos Arcontes. Seu símbolo não é a cruz da tortura, mas o Cálice que contem a essência transubstanciada e suprasubstancial de Seu Sacrifício e Sua Vitória contra Morte. Neste sentido, Crer na Cruz de Kristos significa não adorar este símbolo de morte, mas compreender que devemos enfrentar a morte, entrar nela e vencê-la como Ele fez através da Mystica Cruxificio. Por causa desta distinção, utilizamos na maioria das vezes, e sempre que possível, a grafia grega Kristos, e não Cristo, que é um Arconte chamado Jesus que veio enganar os homens e conduzi-los à adoração do demiurgo Jehova-Satanas.

Sobre isto Nimrod de Rosario escreve em sua “Carta de Belicena Villca”, equiparando, assim como muitos menestréis Cátaros, Kristos Luz ao Lucifer romano, uma manifestação da Luz inspiradora que gerou o fogo de Prometheus (a equivalência de Lúcifer com o demônio Satanás, cujos reais nomes são Yaldabaoth, Jehova e Saklas, só veio no século XI com os escritos de São Jerônimo... nem os romanos nem os trovadores usavam a palavra Lúcifer com o sentido de Satanás, mas em seu sentido original: Luz não criada, Luz imaterial).

“O mais horroroso deste conjuro era que o Demiurgo e seus Demônios contavam desta vez com a Memória de Sangue que as linhagens hiperbóreas ainda guardavam do Kristos da Atlântida para “atraí-los” até sua imitação, o Jesus Cristo, e mediante uma fantástica confusão submetê-los definitivamente. Com que colossal hipocrisia se planejou e executou a tarefa! Depois de Jesus Cristo quem seria já capaz de  distinguir entre o Kristos da Atlântida e sua caricatura? Somente uns poucos suspeitaram do engano, Gnósticos, Maniqueus e Cátaros, e contra eles tem caído o anátema das Forças Obscuras, a perseguição e o aniquilamento. É que esse Jesus, como Arquétipo judaico que é, permite muitas interpretações, todas “legais” segundo a conveniência da Sinarquia: há um Cristo redentor; um Cristo de piedade; um Cristo “que virá”; um Cristo-Deus; um Cristo-homem; um Cristo-revolucionário social; um Cristo-Cósmico;. um Cristo-Avatar, etc.

O que jamais se permitirá conceber (ou recordar) a ninguém é um Kristos de Luz Não Criada, a saber, um Kristos Lúcifer. Depois de Jesus Cristo esse será o maior pecado, a maior heresia e o castigo merecido será castigo exemplar.

“No ano 30 da Era cristã o Verbo se fez carne e habitou entre os homens”. Aquele por cuja Palavra foi criado o Mundo, vestiu-se com a roupagem de seu Arquétipo Hebreu, Malkhouth, e se manifestou aos homens na pessoa de Jesus de Nazaré. Fenômeno dos fenômenos, Maravilha das maravilhas, que espetáculo prodigioso terá sido ver ao Demiurgo feito homem! Há que se reconhecer que esta vez houve uma inegável qualidade em sua infernal ideia de imitar ao Kristos da Atlântida e aproveitar-se da Memória de Sangue dos homens. O resultado está à vista. Pouco a pouco os povos saíram da “barbárie” e a “Civilização” se estendeu até os últimos rincões da Terra”.

Guardamos, então, a memória do Kristos real. Muitos bons cristãos, e puros, guardaram a memória do Kristos real, e no entanto incorreram no erro de aceitar o falso cristo. Isso foi necessário e mesmo inevitável em tempos de perseguição e dificuldade de encontrar informações – mas na nossa era, é inescusável mantermos oculta a distinção entre o cristo, que veio pregar a submissão ao príncipe deste mundo, e o Kristos de pura Luz não criada, que veio nos ensinar a derrotar a Morte. Sobre quem diz ainda a Minne,

É ele que veio a ser, isto é, o Kristos. E por mim, eu o abençoei com a glória do Espírito Invisível, com bondade. Os Três, eu os estabeleci sozinha em eterna glória sobre os Éons na Água Viva, isto é, a glória que cerca o que primeiro veio à Luz daqueles Éons exaltados, e é em Luz gloriosa que ele firmemente persevera. E ele esteve em sua própria Luz que o envolve, isto é, o Olho da Luz que gloriosamente brilha em mim.”

A maioria dos ateus, e anticristãos em geral, e mesmo muitos cristãos em crise de fé, dirige sua dúvida à questão da historicidade de Cristo – se ele existiu, quando, se existem vestígios ou documentos, como ele se parecia e questões semelhantes. Acreditamos na manifestação de Kristos Luz como os paulicianos creem, como uma manifestação espiritual que desceu à terra, uma Parusia ou intercessão divina. Teve um corpo físico? Não teve? Em que ponto do fio da história se deu essa Parusia? Não nos importamos com essas questões.

Isto é, existem respostas para elas, mas instruímos os Cátaros a menosprezarem estas questões como secundárias... diferentes povos viram Kristos de distintos pontos de vista, mas todos têm em si em comum aquilo que um Bom Cristão sírio do século III escreveu em uma epístola a seu filho Rheginos, e que citamos por sua concisão, completude e clareza:

 “Como o Senhor proclamou coisas enquanto existiu em carne e depois de se revelar como Filho de Deus? Ele viveu neste lugar aonde vocês permanecem e falam a respeito da Lei da Natureza – que eu chamo Morte. Agora, Rheginos, o Filho de Deus foi Filho do Homem. Ele abraçou a ambos, possuindo humanidade e divindade, para que em uma mão pudesse conquistar a morte como Filho de Deus, e na outra mão, através do Filho do Homem, a restauração [dos Espíritos] ao Pleroma pudesse ocorrer; porque ele se originou do Alto, uma semente da Verdade, antes que esta estrutura existisse. Nisto muitos domínios e divindades passaram a existir.

Eu sei que estou apresentando a solução em termos difíceis, mas não há nada difícil na Palavra da Verdade. Mas uma vez que a Solução apareceu de forma a não deixar nada oculto, mas para revelar abertamente as coisas que concernem à existência – a destruição do mal por um lado, a revelação dos eleitos por outro lado. Esta é a emanação da Verdade e do Espírito, e uma Graça pertencente à Verdade.

O Salvador engoliu a Morte – neste assunto você não é ignorante – pois ele colocou de lado o mundo que está perecendo. Ele se transformou em um Éon imperecível e se ergueu, tendo engolido o visível pelo invisível, e nos abriu o caminho para a imortalidade. Então é de fato como o Apóstolo disse, “Sofremos com ele, e nos erguemos com ele, e com ele subimos aos céus”. Agora, se somos manifestos neste mundo e nos revestimos dele, somos seus raios, e somos envolvidos por ele até nossa preparação final, isto é, nossa morte nessa vida. Somos atraídos para os Céus por ele, como raios pelo sol, não sendo detidos por nada. Esta é a ressurreição espiritual que engole o psíquico da mesma maneira que o carnal.” (O Tratado da Ressureição, 1:2-4)

Em resumo: não beijamos a cruz como os católicos romanos fazem, mas observamos com horror a cruz que pende sobre cada ser vivente – e nos revestimos na Luz do exemplo de Kristos, que venceu a morte para com isso nos ensinar o exemplo de seus passos, cuja imitação é um dever de Honra. Ele não quer ser adorado ou venerado, mas como Líder irresistível do exército divino que, ao final dos tempos, virá varrer toda deformidade e escuridão do mundo, quer ser imitado. Ele nos deu para isto o Gral, onde a última gota do sangue derramado em cada martírio será transubstanciada em Espírito Eterno, consubstancial ao Pai. Este Gral, um mistério complexíssimo, é representado na iconografia pelo Cálice, verdadeiro símbolo de Kristos Luz. 

Apenas para isto tomou corpo humano. O lado humano de Kristos era não-consubstancial a ele, e ainda assim tomou um corpo humano para derrubar a impossibilidade de consumarmos a Sagrada Teogamia, nossa meta sacra. Sobre a qual começaremos falando na segunda parte deste artigo.

Que a Luz não criada do Deus Incognoscível seja derramada sobre todos!

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